sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O papel da Igreja na democracia


             Em primeiro lugar, quero deixar claro que entendo a democracia, em seu conceito original de “governo do povo”, como uma grande utopia.  O povo nunca governa, ele apenas escolhe quem vai lhe governar. Mas, mesmo assim, dentro dessa “democracia” que vivemos existe a necessidade da participação e da contribuição das igrejas cristãs. Segundo a definição de Jürgen Habermas ”as decisões políticas sempre devem estar sujeitas à revisão perante a instância da opinião pública”. Porém cabe ressaltar que a contribuição e a participação das igrejas cristãs são, ao mesmo tempo, necessárias e perigosas. Trata-se de um dilema contemporâneo.
            Porque é necessária? Porque a igreja não pode ser uma instituição contemplativa, apenas observando os movimentos e discussões da sociedade em sua esfera pública. Acho fundamental que as igrejas cristãs atuem e auxiliem os cristãos tanto nas suas necessidades quanto na sua formação. O cristão deve ser um cidadão consciente, participativo, engajado nas necessidades da comunidade. Uma voz ativa, não apenas contemplativa. Mas uma voz capaz de discutir com a sociedade as soluções para suas necessidades. Não adianta ter o desejo de manifestar seus interesses e opiniões se não for capaz de se fazer entender. E esse é o papel das igrejas cristãs: formar esse caráter participativo nos seus membros, formar homens e mulheres de Deus, que sejam atuantes e influenciadores da sociedade na nossa geração.
            E qual o perigo dessa participação? O perigo é “exagerar na dose”, tornando-se uma igreja cristã atuante na sociedade, mas que se afasta da sua principal missão: pregar o Evangelho. O papel da igreja como organização é o de formar, atuar socialmente, mas tendo como objetivo principal “pregar a Cristo”. Não se pode perder o foco de nosso verdadeiro e principal chamado, mas também não se pode negar que nossas atitudes “falam” mais alto que nossas palavras.  
            Igreja não pode se tornar palanque político. Não podemos confundir a atuação social e a formação, até mesmo política, de seus membros com uma “atuação política”. Contribuir com a democracia é participar das discussões e decisões da sociedade, e não lançar seu candidato, que vai “defender os interesses da Igreja”. A Igreja de Cristo não precisa de “defensores”, que vão “zelar pelos seus interesses”. Não estamos no tempo das cruzadas e esse não é o significado real de defender a fé cristã.
A grande contribuição que a Igreja tem a dar chama-se “Evangelho” e colocá-lo plenamente em prática é o seu grande desafio.

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